Paulo Freire: por uma pedagogia sem fronteiras

Este livro é fruto de múltiplos diálogos, inquietações e leituras desenvolvidos nos últimos anos, sobre temas que convergem sob o legado e a influência de um dos mais importantes educadores da história; Paulo Freire. Em 2021, Paulo Freire completou 100 anos de idade. “Completou” porque apesar de ter falecido em 1997, continua vivo na mentalidade educacional de professores, pesquisadores e de instituições educacionais em todo o mundo. Ao propor uma educação crítica e libertadora, que considere a realidade dos alunos e sua relação com o mundo e que seja capaz de transformar a sociedade e de torná-la mais justa, Paulo Freire transformou sua obra em um legado não apenas para a educação brasileira, mas para a educação em todo o mundo. A pedagogia freiriana é uma forma de educar que busca a emancipação dos alunos, valorizando sua cultura e história. Para Paulo Freire, a educação não deve ser uma transmissão de conhecimentos, mas sim uma construção coletiva, em que os alunos são sujeitos ativos do processo. Ele acredita que o papel do educador não é ensinar, mas sim dialogar e problematizar junto com os alunos, a fim de que eles desenvolvam a capacidade crítica e a consciência social. Paulo Freire continua vivo em todos nós, e seus frutos reverberam em todo o mundo. Assim, este livro está sendo publicado na esteira das comemorações do centenário de Paulo Freire, um pouco atrasado, sabemos, muito em função dos acontecimentos que marcaram a humanidade recentemente, mas em tempo de se somar aos esforços que foram cada vez mais necessários no último quadriênio, quando Paulo Freire e sua pedagogia foram alvos de inúmeras críticas e ataques, inclusive pelo Estado Brasileiro, por seus representantes, ignorantes, que a acusaram de ser um método de “doutrinação ideológica esquerdista”, numa clara postura anti-intelectual perpetrada por discursos conspiracionistas, anticiêncientíficos e xenófobos, inclusive.

Este livro traz 11 capítulos, divididos em duas partes, cada um com seus diálogos que cruzam interfaces epistemológicas, narrativas, interseções entre saberes, práticas e particularidades da práxis educacional à luz das teorias e dos ensinamentos de Paulo Freire. Desde logo, tratamos de apresentar os capítulos convidando você, leitor, à leitura da obra.

Na primeira parte, Paulo Freire: recepções de suas ideias e a libertação do homem, o leitor encontrará o primeiro capítulo, de Silvia Manfredi, que nos convida a conhecer a recepção das obras e das teorias de Paulo Freire na Itália. No segundo capítulo, Juha Suoranta expõe suas ideias sobre as condições de desigualdade no mundo, sob a perspectiva do Sul Global de Freire, um dos primeiros expositores das epistemologias do Sul global. No terceiro capítulo, Lino Esmeiro Morán Beltrán, Gabriel Agenor Torres Díaz e Orlando Miguel Miranda Samper analisam a educação popular enquanto fator que possibilita a emergência e a consolidação do pensamento decolonial libertador. No quarto capítulo, Diego Morollón analisa o legado de Paulo Freire na Espanha, a partir de um arcabouço que nos remete ao pensamento filosófico. No quinto capítulo, Eliseo Cruz Aguilar analisa a educação enquanto fator que possibilita a transformação pessoal e social, por meio da educação. No sexto capítulo, Piotr Stańczyk parte da complexidade do mundo contemporâneo para demonstrar que os problemas sociais e educacionais que Paulo Freire pontuou, ao longo de sua trajetória, estão cada vez mais salientes e, infelizmente, mais distantes de serem findados. No sétimo capítulo, último da primeira parte, Georgina Benrós de Melo compartilha sua experiência com o método de alfabetização de Paulo Freire em Cabo Verde, sua Nação, e em Portugal, para onde muitos de seus conterrâneos migraram, na década de 1970.

Na segunda parte deste livro, Acadêmicos e intelectuais em diálogo com Freire, encontramos quatro análises das obras e do legado de Paulo Freire, face às leituras de outros expoentes. No oitavo capítulo desta obra, Juan Rafael Gómez Torres e Maynor Antonio Mora tratam das interações entre Freire e Lev Vygotsky na educação. No nono capítulo, Juan Camilo Méndez Rendón analisa a questão da ética em Paulo Freire, dialongando ainda com a ética de pensadores como Emmanuel Levinas, Franz Hinkelammert e George Moore. No décimo capítulo, Juan Rafael Gómez Torres constitui um diálogo entre Paulo Freire e Alejandro Cerletti em torno da educação libertadora e o pensamento pedagógico. No décimo primeiro e último capítulo, encerrando a obra, Milagros Elena Rodríguez estabelece um diálogo entre Freire e Edgar Morín, no que concerne à educação libertadora e humanizante. Desejo a você uma boa leitura! 

ISBN: 978-65-5388-144-0
DOI: doi.org/10.36926/editorainovar-978-65-5388-144-0

Biografia do organizador

Márcio Mota Pereira - Nasceu em 1983, em Belo Horizonte, Brasil. É bacharel e licenciado em História (2008, Universidade Federal de São João del-Rei), licenciado em Pedagogia (2023, Faculdade Venda Nova do Imigrante), especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da EaD (2015, Universidade Federal Fluminense), especialista em Gestão Pública (2018, Universidade do Estado de Minas Gerais), especialista em Mídias na Educação (2019, Universidade Federal de Uberlândia), especialista em Geoprocessamento Aplicado (2021, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Norte de Minas Gerais), especialista em Docência, com ênfase na Educação Inclusiva (2022, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Minas Gerais), e especialista em Supervisão Pedagógica (2023, Instituto Mineiro de Educação Superior). É mestre em Bens Culturais e Projetos Sociais (2013, Fundação Getúlio Vargas) e doutor em História (2018, Universidade Federal de Minas Gerais). Atualmente é professor da Rede Municipal de Ensino de Juatuba e da Fundação Helena Antipoff, em Ibirité. Possui interesse nas seguintes linhas de pesquisa: Educação e suas interfaces com a História, História Moderna (educação, saberes, artes e ciências nos séculos XVIII e XIX) e patrimônio (ambiental, histórico, cultural material e imaterial).